Meus olhares vão além de um único universo, passeio por sonhos, desejos, fetiches, sentimentos...olhando o mundo de forma livre...da forma como mulher que sou.
"A partir do momento que você descobre realmente a pessoa que você é, o que falam sobre você já não tem tanta importância assim." Caio F. Abreu

segunda-feira, 30 de julho de 2012

O Dom ideal


"Desejo um Dom que seja protetor, sincero, íntegro, forte e carinhoso..."
Esse é o pensamento observado em muitas mulheres que adentram no universo BDSM quando descrevem o Dom que desejam ter. Mas parece uma mistura de Príncipe Encantado com galã de Hollywood.
Nada errado no Dom ter as qualidades acima, o problema está na idealização de perfeição que elas fazem muitas das vezes, criando seres mitológicos tão perfeitos as suas necessidades, e quando digo necessidades falo daquelas que vão além do universo BDSM e atingem o baunilha. Mulheres que entram neste universo assumindo o papel de submissas mas tendo em seu íntimo desejos de encontrar um Dom que caiba perfeitamente em seus sonhos baunilha, vivendo desta maneira entre os dois universos sem separação de sentimentos, objetivos e valores, se perdendo em suas divagações.
É claro que já leram e muito que Dom não é namorado, que BDSM não é romance, mas então porque ainda assim, mesmo com toda gama de leitura, com toda extensa biblioteca de pesquisa, isso ocorre entre algumas? 
Observo mulheres submissas, digo sempre mulheres porque antes de serem subs ou qualquer outra coisa são mulheres, procurando Donos como quem procura namorado em classificados, listando tudo o que desejam e como desejam que seja esse "homem Dom" dos sonhos, e quando acreditam que encontraram ficam radiantes, é pura felicidade, mas nem sempre dura muito, logo toda aquela "aparente perfeição" cai dando lugar a realidade de uma relação baseada tão somente em D/s, o que frustra seus sonhos, o Dom ali não é o homem que idealizaram, é apenas um Dom que não assume o papel baunilha dentro da relação, restringe-se ao seu papel de Dominador BDSM, e o desespero toma conta, a ficha cai e aquela mulher submissa que tanto idealizou a relação "perfeita" se sente frustrada, fracassada em seus objetivos. Mas o objetivo de uma mulher submissa dentro do universo BDSM não seria tão somente ter um homem Dominador para juntos terem um relação baseada em D/s? Relações baunilhas, tipo romances, não deveriam ser vivenciadas dentro do universo baunilha? O equilíbrio entre esses dois universos em nosso íntimo não será o que fará a diferença entre realizações e fracassos? Afinal essa mulher não vive o papel submisso apenas dentro de um universo?
Mesmo diante do fracasso vejo que algumas continuam em sua busca do sonho, de um dia encontrar o seu "Dom ideal", aquele cujas expectativas ultrapassem as fronteiras dos dois universos, que as arrebatará entre chicotes e promessas de amor eterno, que as conduzirá ao "E foram felizes para sempre" dos contos de fadas. Trancam-se em suas fantasias que ao menor sinal de perturbação exterior elas neutralizam-se em suas bolhas imaginárias recusando-se a sair para realidade e lidar com a verdade de suas emoções, afinal o "Dominador Encantado" existe em seu mundo paralelo e lhe é perfeito.
O Dom ideal, no meu modo de observar, não é aquele que irá preencher meus sonhos de mulher, e sim aquele cujos desejos, vontades, respeito serão compartilhados por ambos para realizar-nos enquanto Dom e submissa. É o Dom que cuida, protege, usa, que é amigo da mulher com quem partilha um de seus lados, é o Dominador forte, seguro, inteligente cujo ideais BDSM se completam e/ou somam-se aos meus. Não será o Príncipe Encantado nem o galã, é o homem do qual a mulher será também amiga e aliada, mas onde seus papeis não serão confundidos ou expectativas fantasiosas feitas. O Dom ideal para uma pode não ser o mesmo para outra e vice-versa...mas tanto Dom e submissa ideal são aqueles que vivem suas realidades, dentro de seus limites e responsabilidades, sem fugas, sem fantasias emocionais de idealizações, que sabem e exercem seus papeis dentro de seus universos de forma equilibrada, que dão as mãos para viverem algo único e especial sem esquecerem quem são de fato, são tão somente homem e mulher exercendo a liberdade de serem felizes.

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