DEPOIS DA TEMPESTADE...

“...Que minha solidão me sirva de companhia.

que eu tenha a coragem de me enfrentar.

que eu saiba ficar com o nada

e mesmo assim me sentir

como se estivesse plena de tudo.”
(Clarice Lispector)

Foram dias de muita chuva...dias doloridos onde parecia que o sol nunca mais voltaria...ainda não voltou mas o tempo começou a ficar cinzento, daqueles cinzentos que indicam um dia seguinte de sol...um cinzento onde podemos sentir o cheiro de terra molhada, o vento úmido pelos cabelos, ouvir o canto dos pássaros ao longe e até vislumbrar um arco-iris no final da montanha...agora meu tempo esta assim...


Aquele primeiro momento de angústia, desespero e até certa insensatez foi dando lugar a outros sentimentos, não que a dor tenha passado, ela continua aqui dentro latente, só que mais calma, mais centrada e equilibrada...já consigo ver caminhos, ainda não sei qual escolher mas eles já estão a minha frente...o ar voltou aos meus pulmões e agora dá um grande suspiro não me sufoca tanto...como disse um dia de cada vez...um passo por vez sem atropelar nada.


Ainda dói voltar aqui mas dói muito mais deixar as emoções trancadas, sei que o caminho deste blog é outro que preciso definir, mas ainda estou deixando fluir o sentimento e quando chegar a hora saberei o que fazer.

Estive ausente por uns dias, me afastei de tudo e todos, precisa desse tempo para mim, vários amigos me falaram o quanto eu sou forte e que isso passaria e logo estaria bem novamente, agradeço à todos vocês, acreditem que mesmo estando meia que afastada cada mensagem é de grande incentivo e conforto, é como se recebesse o abraço apertado de cada um de vocês e com isso minhas forças redobram, obrigada de coração.


Estou sobrevivendo e descobrindo que minha vontade de ser feliz é muito maior do que eu imaginava. Servir é muito além do simples “sim, Senhor”, servir é entregar seu coração por inteiro e não em gotas, é estar feliz com a felicidade do outro, doar-se porque somente assim se pode ser feliz, não importa o tempo, a distância ou os limites, à tudo isso podemos vencer se acreditarmos, se realmente estamos nos entregando por inteiro e não por metades. Eu sou assim, não sei ser metades, quando mergulho gosto de ir até o fundo, sair machucada faz parte do imenso jogo da vida, cabe a nós tirarmos o lado bom de cada ferida, a lição, o aprendizado, guardar as boas lembranças para sempre em nosso coração, deixar a ferida cicatrizar seguindo seu tempo natural, sem forçar, sem catucar. Não estou caída quieta na chão, me levantei e começo a dar meus primeiros passos, ainda inseguros, ainda imprecisos mas os primeiros passos à frente...passos que me levarão a caminhos de muita alegria e satisfação tenho certeza. Mas como disse, um dia de cada vez, sendo assim continuarei ainda um pouco afastada, mas não por completo, reformulando algumas coisas e crescendo como ser humano com a minha dor, para voltar 100% inteira...100% eu mesma...não sei como será isso e nem quando mas acontecerá.


“Quando eu estiver contigo no fim do dia, poderás ver minhas cicatrizes, e então saberás que eu me feri e também me curei.” (Tagore)
 

 
by Cristal